quarta-feira, 18 de março de 2015

Julieta

A 13 anos atras, voltando da escola passei por uma lixeira perto de casa, vi dois filhotes de gato, apaixonadas fofuras e com pena das gatinhas peguei e levei as duas pra casa.
Cheguei em casa, minha mãe não queria deixar eu ficar com as duas por causa do meu pai e então tive que escolher apenas uma  pra adotar, escolhi a Maggie e com o coração na mão devolvi a Julieta para a rua dentro de uma caixinha, colocamos água e leite para ela. Era pra ter terminado por ai, mas graças a Deus, ele convenceu ma mesmo voltou para gente, ficou miando em nossa porta e com pena minha mãe deixou ela ficar e convenceu meu pai de que ela ficaria somente ate que arrumássemos um dono para ela. Bem, assim ela foi ficando, ficando e ficando... conquistando inclusive meu pai.
De la pra cá "Juju" ( assim chamada de 4 anos pra cá por causa do meu afilhado) nos trouxe muitos momentos.  Quando mais nova, era muito esperta e arrisca, não podia dar mole com a sacola de comprar com carne, frango e principalmente peixe, Juju roubava e saia correndo com um peixe inteiro na boca. (rs)
Sempre fofa, dava beijinho quando a gente aproximava o rosto, dançava com a cabeça de um lado para o outro imitando a gente.
Muito amiga e carinhosa, se minha mãe estivesse na cozinha ela ficava o tempo todo sentada na cozinha fazendo companhia pra minha mãe. Se eu vinha pro quarto, ela vinha atras de mim, subia no computador pedindo atenção, na cama pra lamber meu pé, passava pelas pernas e se desse confiança era chata de tão carinhosa.
Uma vez sumiu o dia todo, procuramos pela casa toda, pelas ruas do bairro e nada de achar a gata, choramos o dia todo, ate que descobrimos que na verdade ela nem tinha saído de casa, ela havia deitado na minha gaveta de roupas e dormiu, sem perceber, fechei a gaveta, somente no final do dia que ela miou e descobrimos aonde estava. Quando finalmente havíamos perdido as esperanças ela reapareceu e nos deu uma alegria de volta, foi maravilhoso aquilo.
No sábado quando fui ao veterinário com ela, a médica foi clara, "Não tem cura, apenas tratamento pra tentar reanimar, pq ela ta muito debilitada" Ainda ouvindo isso, eu achei que poderia criar esperanças, li na internet sobre a doença dela, e encontrei a deixa perfeita pras minhas expectativas, mas foi inevitável, nossa Juju se foi, dia 17 de março, uma dor sem volta, sem esperanças de que pode voltar e nos realegrar novamente como um "tudo passou".
Perdemos mais que um animal de estimação, nós perdemos uma amiga, uma amiga sincera, que sempre estava aqui nos dando muitooooo carinho.
As vezes eu olho pros meus animais e me pergunto: Porque não podem entender o que eu falo? Será que elas sabem do valor que elas tem pra mim? Será que elas sabem o que ta acontecendo? 
Pra mim é sempre uma dificuldade entender que não podemos nos comunicar direto com os animais. Acho isso horrível como eu queria que a Juju por exemplo pudesse entender tudo o que eu falei pra ela antes dela morrer.
Por que amamos e temos certeza de sermos amados por seres que nunca trocamos uma palavra? Por que o ser humano sente essa necessidade das palavras para se sentirem queridas ou amadas?
Ao primeiro questionamento, eu já sei a resposta e me contendo com ela,  qualquer relação de amizade, amor, enfim, não importa as palavras ditas ou escritas, principalmente numa relação em que isso é impossível, o que verdadeiramente importa é que quando eu chorava a juju vinha e me fazia carinho. Que quando eu olhava pra ela e sentia que ela não estava bem, eu  ia la e fazia carinho nela e ela me devolvia lambidas fazia barulhinho de "ronc ronc".
Quando ela começou a ficar doente, fizemos de tudo pra que ela se recuperasse, muitos cuidados, noites mal dormidas, forçando pra que ela comesse, e  não ter abandonado desde o primeiro momento que soubemos da doença, foi triste demais  sair de casa e carregar o corpinho dela ate o local da cremação. Mas fico feliz de saber que aconteceu como tinha que acontecer, não desistimos dela, não sacrificamos, esperamos, cuidamos, enfim.. amamos ate o final.
Peço a Deus que nos dê forças para lidar com a saudade e principalmente força para continuar a cuidar das nossas outras meninas. Por fim, deixo uma agradecimento a minha mãe e pelas pessoas que adotam e cuidam bem dos seus animais e um apelo. Não desistam dos seus amigos, seja gato, cachorro, periquito ou humano. "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

Descanse em paz Juju!












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