Há um tempo atrás fui organizar as bagunças de papeladas em meu armário, uma tarefa um tanto chata, diga-se de passagem. Mas ate que normalmente acabo encontrando algo legal que eu havia esquecido, as vezes cartas antigas de amigos, cartinhas de declaração de amor das minhas primas, desenhos antigos, cartões de aniversário, fotos, pilhas de trabalhos e provas do ensino fundamental com boas notas, não que eu tivesse sido uma "CDF", ate porque eu realmente não era, mas porque rasgava as provas com notas baixas de raiva (Rebeldia). Enfim, dessa ultima vez encontrei um trabalho de práticas pedagógicas da faculdade que eu havia feito em grupo, no segundo período.
E o que isso tem haver com o "lance ai" da criatividade escrita no título do texto?
Ao longo da minha vida acadêmica, muito ouvi sobre criatividade, uma frase que marcou as minhas aulas de filosofia foi: “Se eu faço e uso o conhecimento, estou criativamente no mundo. Se eu somente uso este conhecimento, estou simplesmente no mundo.”
Nesse contexto, estar criativamente no mundo é produzir algo e não simplesmente reproduzir o que já existe. O homem por sua natureza tem a capacidade de criar, e por isso que o mundo evoluiu, hoje, temos uso de tecnologia, temos diversas teorias formadas, pesquisas cientificas, etc..
Segundo o dicionário, criatividade é "faculdade ou atributo de quem ou do que é criativo; capacidade de criar coisas novas; espírito inventivo: criatividade artística."
Como estou falando de coisas que ouvi na "vida acadêmica", achei pertinente também falar do que a representa a criatividade para um dos nomes muito falado nas aulas que dizem respeito a educação, Vygotsky. Para ele, a criação é a condição necessária da existência e tudo que ultrapassa os limites da rotina deve sua origem ao processo de criação do homem e que a obra de arte reúne emoções contraditórias, provoca um sentimento estético, tornando-se uma técnica social do sentimento.
" Tornando-se uma técnica social do sentimento." Soa tão lindo aos meus ouvidos que é necessário repetir.
Bem, vamos ao que interessa, por que falar de criatividade só pra contar sobre um tal trabalho, e afinal, que trabalho é esse?
Primeiro, o trabalho, não é bem um "trabalho". Foi acredito eu, feito mais para conhecer a personalidade de cada aluno e estimular a nossa criatividade.
Segundo, trata-se de um texto, eu realmente gostei da nossa "produção literária", se é que posso tratar assim com tal intonação, um humilde texto criado por simples estudantes de Educação Física.
A proposta da professora foi a seguinte, cada aluno faria numa folha de papel o que achasse que se identificasse, ou representasse e depois teria que dizer o porque, algo assim, como tem um tempo, ate peço desculpas se tiver enganada, creio que não.
Feito isso, ela dividiu em grupos de 4 alunos, teríamos que construir uma história em que cada "coisas" feita por nós, teria que se encaixar..
Eu, Thaya, não fiz nada em minha folha, na indecisão do que colocar, resolvi deixar em branco, pois para mim representava minha indecisão.
Enfim, meus colegas de grupo: Amanda Lima, fez um coração; Felipe, fez um "troço estranho", ele amassou, deu uma forma estranha e disse que era um "objeto não identificado" e Rodrigo Alves, um violão.
E cumprindo a proposta desse 'trabalho criativo' feito por uma aula toda 'criativa', assim ficou a nossa 'história criativa';
"Oi, eu sou uma folha! Mas nem sempre fui uma folha.
Você já viu muitas de mim por ai, talvez tenha passado por mim e não tenha dado tanta importância, ou mesmo ligado pro que eu sinto, mas sim, eu tenho um coração...
Que pode não ser desse mundo, mas ainda sim é meu coração.
Como eu ia dizendo, nem sempre fui uma folha, eu já fui uma árvore com muitos sonhos e muitas histórias pra contar e não, eu nunca imaginei que estaria aqui hoje pra contar essa historia.
Quando fui separada de minhas raízes eu fiquei indecisa sobre o meu destino, porém tentei ver pelo lado bom e desejei virar um violão para que de alguma forma eu pudesse me sentir útil.
Mas nem sempre nosso desejo é atendido, passei por vários caminhos, ate chegar a fabricação de papéis, e hoje só restou tornar-me essa pequena folha em branco.
E fui assim durante muito tempo, até agora.
E ao invés de me sentir preenchida por belas melodias, e palavras cativantes, estou aqui, escrevendo em mim, minha própria história.
E peço encarecidamente, aos que essa mensagem lê em, que não joguem fora, pois não quero me tornar um objeto não identificado."
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